sábado, 14 de agosto de 2010

Para o que servem as leis?

Toda data comemorativa é aquela confusão no shopping. Véspera do dia dos pais não podia ser diferente. Eu estava procurando algumas coisas numa loja de departamento, quando comecei a ouvir gritos e choro. Logo me surpreendi e fui andando em direção ao barulho. Duas ou três fileiras depois me deparei com uma moça nova, que devia ter seus 25 anos, carregando uma blusa pólo na mão e um menino de uns 6 anos caído no chão, se esperneando, abraçado com um carrinho.



A mãe toda envergonhada, pelo escândalo que o filho fazia pedindo o brinquedo. Além de mim outras pessoas foram ver do que se tratava. Alguns, mais velhos, ficavam abismados pelos berros da criança e a falta de reação da mãe; outros, mais novos, nem ligavam como se aquilo fosse normal. Cheguei inclusive a ouvir um comentário de uma senhora já de idade: “Filho meu nunca aprontou dessas e se fizesse qualquer coisa pegava logo uma palmada para aprender a lição.”.

Fiquei observando a cena de longe ainda e vi bem quando a moça concordou em levar o carrinho. O menino levantou, parou de chorar e pronto. Nem um “Obrigado”, nem um beijo na mãe, nada. A mãe também não repreendeu o filho, não brigou, não fez nada. Parece que os papéis se inverteram: a mãe obedeceu o filho.

Cenas assim estão mais comuns na sociedade e para completar ainda se discute a instituição da Lei da Palmadinha. O projeto proíbe pais de dar palmadas, beliscões e qualquer castigo, mesmo que moderado, aos filhos. Estudiosos alegam traumas físicos e psicológicos para as crianças. E os pais? Vão ter que fazer tudo que os filhos querem? Vão ter que conversar com os pequenininhos como se fossem adultos e entendessem perfeitamente sobre comportamento, sociedade, questões financeiras e juros do cartão de crédito?

Sou do tempo que o pai dizia “não” e era “não”, mesmo. Sem birra, sem escândalo, senão levava uma palmadinha no bumbum ou tapinha na mão. Não sou traumatizada, nem tenho seqüelas da boa educação que recebi. Assim como já ouvimos na TV Felipe Scolari falar com saudades das palmadas que recebia do pai e Marília Gabriela agradecer as cintadas da mãe. E nenhum de nós precisou de acompanhamento psicológico por causa disso. Muito pelo contrário, acredito que gente da minha época para trás, respeita mais seus pais e consegue entender a autoridade que eles representam.

Deveriam se preocupar mais com pais e familiares que prostituem as filhas, que oferecem o primeiro copo de cerveja ao filho para lhes mostrar que isso é ser homem. Os pais que acobertam as coisas erradas quando os filhos ainda são pequenos e mais tarde estarão contratando os melhores advogados para que essas mesmas crianças, agora já adultos, não sejam presos por crimes que cometeram. Definitivamente, esses pais não são os melhores e posso afirmar que são os mais preocupantes para sociedade.

E os que deixam as meninas rebolarem os corpinhos desde pequenas tentando ser sexys com músicas de péssima qualidade? Os que colocam a vida dos filhos em risco ao levar meninos para os estádios em final de campeonato? Os que ensinam pornografias e palavrões? Aquele pai que apareceu na internet, um tempo desses, ensinando o filho a assaltar com uma arma de brinquedo? Isso também deveria ir contra os direitos da criança e do adolescente.

Os políticos deveriam se preocupar mais com que tipo de pessoas a sociedade tá formando, quem serão os responsáveis por levar em frente o planeta. E não debater uma simples palmadinha que não dói e só ajuda a crescer.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O pequeno príncipe



Acabei de ler O Pequeno Príncipe e adorei! Muitas pessoas já tinham me falado que era uma bela história e realmente recomendo, mas espero que todos percebam além da superficilidade do texto. Percebam que é uma história para gente grande, para percebermos o quanto mudamos em prol de um mundo globalizado e capitalista como o homem de negócios, como nos deixamos levar como o bêbado, como nos acostumamos com a rotina como o acendedor de lampiões, como somos egocêntricos, orgulhosos, vaidosos, "malvados".


Enquanto que o pequeno príncipe representa, não só a infância, mas a inocência, a esperança, o amor , a curiosidade de descobrir o mundo e fazê-lo melhor.



"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." E isso vai muito além de se sentir responsável por uma flor.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Enredo da vida

"Algumas pessoas nascem para se sentarem à beira do rio.
Algumas são atingidas por raios.
Algumas têm ouvido para a música.
Algumas são artistas.
Algumas nadam.
Algumas vivem de botões.
Algumas conhecem Shakespeare.
Algumas são mães.
E algumas pessoas dançam."

(Retirado do filme O curioso caso de Benjamin Button)


Todos nós temos uma específica função no mundo ou para o mundo e, pode ter certeza, passamos bastante tempo de nossas vidas tentando encontrar essas habilidades para satisfazer a nós mesmos.
E você, já se encontrou?
Qual o seu papel no enrredo da vida?

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Barack Obama: o primeiro grande negro dos muitos que os Estados Unidos conheceu

Engraçado perceber que os Estados Unidos, um país com grande histórico de racismo, acaba de empossar um presidente negro com 52,7% dos votos na eleição. Talvez, alguns não se lembrem de cara dessa característica do país, pois só pensam nos norte-americanos como aqueles branquelos ou, distintamente, aqueles negões dos times de basquete, mas e a grande diferença que existiu e/ou existe entre eles?Porque não nos vem à cabeça uma mistura populacional como no Brasil? E os filmes mais antigos que ressaltam as divergências entre as raças, os documentários que mostram até mesmos bairros e vidas separadas?

Há 44 anos, os EUA pareciam ser outra nação, nada similar a atual. A luta dos negros começou na década de 50 contra leis separatistas as quais não proibiam os negros de nada, mas o impediam de levar uma vida normal, pois havia escolas, empresas, hospitais e restaurantes especiais para negros (que de especiais não tinham nada). Os dois ícones iniciais dessa luta social são Rosa Parks e Charles Houston; ela se recusou a dar lugar a um branco no ônibus e ele provou, com um estudo científico, na Suprema Corte americana que escolas separadas prejudicavam o desenvolvimento das crianças as quais se sentiam rejeitadas. A partir daí as atitudes surgiram: durante mais de um ano nenhum negro andou de ônibus no Alabama; um grupo de estudantes freqüentou, por meses, a mesma lanchonete de brancos para poder ser atendido; Martin Luther King Jr. liderava a campanha pelos direitos civis; cobertura maior da imprensa nos protestos envolvendo negros.

Na década de 60 surge outro personagem de grande relevância: John F. Kennedy, que apesar de não ter cumprido a promessa de resolver o problema da segregação, foi o primeiro presidente americano a dar ouvidos para as questões segregacionistas e abordar assuntos como cotas e políticas públicas voltadas para essa classe excluída.

Em 1970, com Kennedy e Luther King mortos, inicia um radicalismo racial com grupos que vigiavam os abusos cometidos por policiais brancos contra negros, porém eles tinham a ideologia de igualdade alcançada por qualquer meio, nem que isso levasse a muitas mortes. Passada essa fase de terror, ainda nos anos 70, os negros começam a ganhar as rádios com algumas músicas e Shirley Chisholm se candidata à presidência (pela primeira vez uma negra)!

Com a chegada dos anos 80, o negro parece já ter o apoio da imprensa: a música é veiculada normalmente e passa a ser comum, principalmente, o hip-hop entre os jovens; um seriado mostrando o cotidiano de uma família negra de classe alta também passa a ser veiculado. As ideologias começam a ser quebradas aos poucos e uma nova visão se forma sob os negros. O mundo e os americanos brancos reconhecem, hoje, Bill Cosby, Michael Jackson, Michael Jordan, 50 Cent e etc.

Muitos desses fatores foram essências para a vitória de Barack Obama: pregar o direito civil como Luther King; ser jovem e com idéias inovadoras como Kennedy; chegar até os rappers e outros artistas em sua campanha; estar sempre acompanhado da esposa e das filhas mostrando uma família americana normal como no seriado. Obama não viveu nem participou dessas tantas manifestações e movimentos que lutavam por uma liberdade efetiva e por direitos da sua raça, mas foi por conta desses revolucionários que, hoje, ele é o presidente dos Estados Unidos da América. Será que ele dá conta de tanta responsabilidade?

“Rosa Parks sentou para Martin Luther King caminhar. Luther King caminhou para Obama correr. E Obama correu para que as próximas gerações possam voar.” Hit dos SMS nos EUA.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Fórum Social Mundial: mistura de cores, raças e etnias.

O Fórum Social mundial foi aberto por uma caminhada que levou em média 100 mil pessoas às ruas de Belém. Durante todo o trajeto era possível ver as mais diferentes manifestações e grupos de pessoas, cada um no seu estilo, com seu apelo social, mas todos chamando por um único objetivo em comum: PAZ.
Ao longo da semana, fui alguns dias na UFRA e na UFPA e digo que me surpreendi bastante, pois apesar de ter todo um conhecimento prévio sobre o fórum, não esperava tanta grandiosidade. Não eram só espaços de política e discussões, mas também de cultura e miscigenação de povos (que particularmente me chamam mais atenção).
Cada Nação queria falar de suas vivências, lutas e revoluções.
Outras queriam mostrar sua história pro mundo através de fotos que pareciam gritar por liberdade nos mínimos detalhes.

Por todos os lados via-se grupos conversando, discutindo, descobrindo uns aos outros.
Gente ensinando seus rituais e respeitando os alheios. Grandes diferenças lado a lado compartilhando um mesmo ambiente, sem dar muita importância para isso.
Outras horas tentando se entender, nem que fosse para comercializar.


Muitas cores,
Muita música,
Muito artesanato,
Muitas representações.



Em oficinas, pessoas desconhecidas juntavam-se em grupos para falar de comunicação e arte.Para produzir uma nova arte, juntos.


A UFRA foi cenário para manifestações organizadas que buscavam pregar sua ideologia.Enquanto outros só queriam simbolizar o fim da corrupção, do lixo, do dinheiro, dos mercados, da divisão classes, do capitalismo.

A UFRA não foi só um acampamento, foi bem mais que isso.
Foi o lugar onde se via os mais diversos estilos de vida
e hábitos.
Todos querendo expandir sua cultura para que novas pessoas tomassem conhecimento disso. Seja por cartazes,
painéis,

ou pinturas.
92 mil pessoas inscritas procurando direito, justiça, paz, igualdade e democracia.
Para melhorar o mundo para o futuro de nossas crianças, sejam elas índios
ou não.