Toda data comemorativa é aquela confusão no shopping. Véspera do dia dos pais não podia ser diferente. Eu estava procurando algumas coisas numa loja de departamento, quando comecei a ouvir gritos e choro. Logo me surpreendi e fui andando em direção ao barulho. Duas ou três fileiras depois me deparei com uma moça nova, que devia ter seus 25 anos, carregando uma blusa pólo na mão e um menino de uns 6 anos caído no chão, se esperneando, abraçado com um carrinho.
A mãe toda envergonhada, pelo escândalo que o filho fazia pedindo o brinquedo. Além de mim outras pessoas foram ver do que se tratava. Alguns, mais velhos, ficavam abismados pelos berros da criança e a falta de reação da mãe; outros, mais novos, nem ligavam como se aquilo fosse normal. Cheguei inclusive a ouvir um comentário de uma senhora já de idade: “Filho meu nunca aprontou dessas e se fizesse qualquer coisa pegava logo uma palmada para aprender a lição.”.
Fiquei observando a cena de longe ainda e vi bem quando a moça concordou em levar o carrinho. O menino levantou, parou de chorar e pronto. Nem um “Obrigado”, nem um beijo na mãe, nada. A mãe também não repreendeu o filho, não brigou, não fez nada. Parece que os papéis se inverteram: a mãe obedeceu o filho.
Cenas assim estão mais comuns na sociedade e para completar ainda se discute a instituição da Lei da Palmadinha. O projeto proíbe pais de dar palmadas, beliscões e qualquer castigo, mesmo que moderado, aos filhos. Estudiosos alegam traumas físicos e psicológicos para as crianças. E os pais? Vão ter que fazer tudo que os filhos querem? Vão ter que conversar com os pequenininhos como se fossem adultos e entendessem perfeitamente sobre comportamento, sociedade, questões financeiras e juros do cartão de crédito?
Sou do tempo que o pai dizia “não” e era “não”, mesmo. Sem birra, sem escândalo, senão levava uma palmadinha no bumbum ou tapinha na mão. Não sou traumatizada, nem tenho seqüelas da boa educação que recebi. Assim como já ouvimos na TV Felipe Scolari falar com saudades das palmadas que recebia do pai e Marília Gabriela agradecer as cintadas da mãe. E nenhum de nós precisou de acompanhamento psicológico por causa disso. Muito pelo contrário, acredito que gente da minha época para trás, respeita mais seus pais e consegue entender a autoridade que eles representam.
Deveriam se preocupar mais com pais e familiares que prostituem as filhas, que oferecem o primeiro copo de cerveja ao filho para lhes mostrar que isso é ser homem. Os pais que acobertam as coisas erradas quando os filhos ainda são pequenos e mais tarde estarão contratando os melhores advogados para que essas mesmas crianças, agora já adultos, não sejam presos por crimes que cometeram. Definitivamente, esses pais não são os melhores e posso afirmar que são os mais preocupantes para sociedade.
E os que deixam as meninas rebolarem os corpinhos desde pequenas tentando ser sexys com músicas de péssima qualidade? Os que colocam a vida dos filhos em risco ao levar meninos para os estádios em final de campeonato? Os que ensinam pornografias e palavrões? Aquele pai que apareceu na internet, um tempo desses, ensinando o filho a assaltar com uma arma de brinquedo? Isso também deveria ir contra os direitos da criança e do adolescente.
Os políticos deveriam se preocupar mais com que tipo de pessoas a sociedade tá formando, quem serão os responsáveis por levar em frente o planeta. E não debater uma simples palmadinha que não dói e só ajuda a crescer.
sábado, 14 de agosto de 2010
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